sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Arrependimento e perdão

"Daremos nosso consentimento a vocês com uma condição: que vocês se tornem como nós, circuncidando todos os do sexo masculino. Só então lhes daremos as nossas filhas e poderemos casar-nos com as suas. Nós nos estabeleceremos entre vocês e seremos um só povo. Mas se não aceitarem circuncidar-se, tomaremos nossa irmã e partiremos. A proposta deles pareceu boa a Hanmor e a seu filho Siquém." (Gênesis 34.15-19)

Esse relato acontece em meio a episódios trágicos: violência sexual, assassinatos e roubo, descritos no capítulo 34 de gênesis. Após o ato de violência contra Diná, filha de Lia e Jacó, cometido por Siquém, vemos o "acordo" feito pelos irmão de Diná, para que Siquém pudesse ser "perdoado" e por tanto a união das famílias. O texto segue e vemos que o "acordo" foi mais uma desculpa, pois enquanto recuperavam-se da circuncisão, desprevenidos, fossem assassinados e toda cidade saqueada.

Nesse esboço, lançando fora toda a questão mórbida do relato, vejo a religiosidade a flor da pele, o acordo religioso que visa o ganho de vantagens, que oprime, que aproveita da ocasião. Por um lado, não sofrer a consequência da violência e por outro para obter vantagens em cima do acontecido. Nesse sentido, vale a pena reforçar o conceito da circuncisão, como sendo a aliança entre Deus e a descendência de Abraão, a morte de uma pequena parte do corpo humano, mas com grande importância para a continuidade da espécie, o corte é pequeno, mas é estratégico. A marca de que pecadores, geram pecadores e por tanto precisam da aliança com o Deus criador.

Partindo do princípio que a circuncisão era o sinal de uma aliança, pedir para um povo circuncida-se, não é nada mais que pura religiosidade, pois não houve aliança entre os Suquemitas e Deus, foi apenas um acordo religioso, entre homens, podemos dizer ainda que não houve arrependimento por parte dos Suquemitas e perdão por parte dos filhos de Jacó.

A circuncisão do antigo testamento, era o corte de uma pequena parte do corpo, já para nós viventes da nova aliança, ainda praticamos a circuncisão, mas ela é feita por completo, morremos para a velha vida e nascemos em Cristo Jesus como novas criaturas e com isto dizemos sim para Deus e ele diz sim para nós. Mas isso, não impede que ainda aja "acordos" de cunho religioso nos dias atuais. Hoje pouco se fala de arrependimento, pouco se fala de perdão. A questão é a mudança de religião, oferecer algum sacrifício em troca de uma benção, seguir a Jesus para ser rico. Pouco se diz a respeito da morte do cristão para da velha vida e uma nova vida com Jesus, como a verdadeira circuncisão ou ainda como Paulo diz a circuncisão operada no coração (Romanos 2.29).

Uma circuncisão verdadeira em Cristo, não tem espaço para cobranças com Deus, pois entendemos que na verdade não temos nada para oferecer em troca, não fazemos parte da nova aliança por algum benefício prático ou pontual, fazemos parte da nova aliança, porque queremos estar com Jesus, queremos ser nova criatura. Em última análise, não fizemos aliança para ir para o céu (embora seja uma verdade), fizemos para viver com Jesus, amando e servindo aos nossos próximos. Pode ser que alguém ainda pense que não cometeu nenhum pecado que mereça tanta humilhação diante de Deus, mas sabemos que Jesus disse que quem cobiça a mulher do próximo, cometeu adultério e quem em seu coração desejar a morte de alguém, é assassino, trocado em miúdos, estamos diante do próprio texto bíblico.

Resta a nós, o espaço de arrependimento e perdão para sermos diferentes, para sermos novas criaturas, novos corações circuncisos.

Graça e Paz de Cristo Jesus
Maurício Reis

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