sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Evangelho "cabeça" ou "cauda"?

"Quando forem perseguidos num lugar, fujam para outro." (Mateus 10.23)

"Quanto ao que fio semeado em terreno pedregoso, este é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria. Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona." (Mateus 13.20-31)

Como é edificante caminhar na palavra de Deus todos os dias e mais ainda quando vemos que o texto é vivo, que fala conosco em cada leitura. A alguns dias (antes de publicação do texto) a primeira citação me chamou atenção, iria escrever algo, mas não o fiz. Alguns dias após, outra passagem, sem vínculos aparentes, fez bastante sentido, pelo menos para mim.

O que chama atenção na primeira passagem, é o anúncio de Jesus aos apóstolos, comissionados a anunciar a proximidade do reino de Deus, curando e realizando muitos milagres e que deveriam ficar na cidade até o ponto de serem bem recebidos e que deveriam se preparar, pois seriam presos e teriam outros empecilhos pela frente e quanto forem - fato; serão perseguidos - deveriam fujir. O segundo texto, é a explicação da parábola do Semeador no qual a semente lançada sobre o terreno pedregoso, embora tenha crescimento, não terá raízes e será igual ao seguidor de Jesus que permanece pouco tempo e logo abandona-o.

Percebo essas duas passagens sendo de difícil aceitação e interpretação no evangelho que vem sendo pregado hoje, no fast-food de bençãos, em um Jesus que resolve todos os problemas na hora. No crente que é cabeça e não é cauda (Deuteronômio 28.13).

Nós iniciamos nossa caminhada de fé, e "aprendemos" justamente esse evangelho, de que somos chamados para ser cabeça, mais que vencedores, campeão, os melhores dos melhores. Embora, seja um "evangelho" bem apresentável, ele tem muitas falhas, ele não é, em última análise (minha opinião), o evangelho bíblico, o evangelho de Jesus, pois é só começarmos a observar a bíblia e confronta-lo. Podemos ter crescimento e esse evangelho tem crescido expressivamente nos últimos anos, mas não significa que está tendo raízes, resiliência, qualquer vento mais forte, vai derrubar. Não estou fazendo uma crítica do crescimento, ele tem sido importante, somos fruto desse crescimento, mas precisamos também aprofundar nossas raízes, aumentar nossa resiliência.

Jesus nos disse que seríamos perseguidos, que teríamos tribulações, seríamos rejeitados na própria família, entre tantas outras coisas. Mas então, no evangelho tradicional, somos cauda? Se tivesse que classificar-nos entre cabeça e cauda, eu diria: Sim somos cauda, mas entendo que não precisamos dessa classificação e parafraseando eu diria que não somos nem cauda, muito menos cabeça, somos parte do corpo, a noiva de Jesus, que sofre junto entre seus membros e com Cristo, que aguarda sua vinda, que crê que haverá um julgamento no fim dos tempos, que a justiça será feita em tempo oportuno e que vive pela fé.

Enquanto esse tempo não chega, eu encerro, encorajando aqueles que têm se deparado com “tipo de evangelho” e tem percebido que o discurso é bem diferente do que na prática e principalmente o que as escrituras atestam. Existe o outro lado, existe o evangelho bíblico, que não tem problema em explicar textos como estes, de viver textos como estes, que entende que isso estava anunciado, mas que sabe que o mesmo Jesus que disse que no mundo haveria tribulações, sabe que é o mesmo Jesus que disse para ter bom ânimo pois ele tinha vencido o mundo. Continuem firmem, existem homens e mulheres (igrejas) espalhadas em todos nosso pais, que podem encoraja-los, ensina-los a palavra e com ações de graça ajuda-los a apresentar a Deus seus pedidos e suplicas.

Por fim, encerro dizendo que não me envergonho deste evangelho, o evangelho baseado na bíblia e uso as próprias palavras de Paulo Apostolo: “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego. Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é feita pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”.” (Romanos 1.16)

Graça e Paz de Cristo Jesus
Maurício Reis

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