sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Ingratidão

"Mas Labão lhe disse: "Se mereço sua consideração, peço-lhe que fique. Por meio de adivinhação descobri que o SENHOR me abençoou por sua causa." (Gênesis 30.27)
Muito poderia ser dito sobre ingratidão, poderíamos trazer definições, analisa-la etimologicamente, trazer exemplos bíblicos - a exemplo de 2 Timóteo 3 - poderíamos fazer uma tabela comparativa, mas nesse esboço eu gostaria de falar de uma questão prática, um exemplo que me chamou atenção nessas passagens envolvendo Labão e Jacó. Como a intenção é fazer um esboço bíblico, não vou me atentar a outros detalhes, penso apenas em esboçar o que percebi ao passar por estas linhas.

O texto narra os 14 anos de relacionamento entre genro e sogro, entre Jacó e Labão. Jacó está querendo voltar para sua terra, após pagar 14 anos de trabalho para casar-se com Raquel. Labão querendo aproveitar as bençãos do Deus de Jacó, pede para que ele fique e que haja uma acerto de salário. No passar de mais 6 anos, temos o seguinte desfecho.
"Vinte anos estive com você. Suas ovelhas e cabras nunca abortaram, e jamais comi um só carneiro do seu rebanho. Eu nunca levava a você os animais despedaçados por feras; eu mesmo assumia o prejuízo. E você pedia contas de todo animal roubado de dia ou de noite. O calor me consumia de dia, e o frio de noite, e o sono fugia dos meus olhos."Foi assim nos vinte anos em que fiquei em sua casa. Trabalhei para você catorze anos em troca de suas duas filhas e seis anos por seus rebanhos, e dez vezes você alterou o meu salário. Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão, o Temor de Isaque, não estivesse comigo, certamente você me despediria de mãos vazias."  (Gênesis 31.38-42)
Neste capitulo 31, vemos a consequência de mais 6 anos de trabalho de Jacó para seu sogro. Jacó havia fugido com suas duas esposas, concubinas e filhos e Labão resolve persegui-los. Na verdade o motivo de Labão tê-lo seguido é por causa que Raquel roubou alguns de seus deuses, porém ele não encontra e mesmo assim temos o desfecho dessa fase da vida de Jaco, entendo por tanto que a ingratidão - entre outras coisas - tenha sido o motivo da fuga.

Esse é o ponto que percebo nas entrelinhas. Vejo a ingratidão de Labão, em sendo abençoado e não reconhecer. Pode ser que pensava ser uma benção dos seus deuses, uma benção do seu esforço, ou qualquer outro mérito, mas o fato é que ele só descobre isso por meio de adivinhação - prática do ocultismo - que estava sendo abençoado através de Jacó, por tanto imerecidamente.

Essa é a questão que fique me perguntando:

- Será que estamos reconhecendo aquelas pessoas que tem nos abençoado?
- Damos o devido valor para aqueles que nos rodeiam e que de uma hora para outra nossa vida começou a fazer sentido?
- Ou ainda, quando não conhecíamos a Jesus Cristo e por muito anos, fomos abençoados por aqueles que o professaram e agora que passamos a conhecer, descartamos essas amizades?
- E quando vivíamos nas práticas do mundo, mas éramos abençoados por amigos nas mesma condições e agora que somos salvos em Cristo Jesus, essas pessoas já não tem mais valores para nós, e mesmo conhecendo a verdade, não falamos dela e também não oramos para que também o conheçam?

Essa são perguntas que fiz para mim, ao me deparar com esse texto. Pode ser que você tenha feito muita outras ao lê-lo. Se fez, isso é muito bom, pois pode ser que esteja nascendo algum sentimento dentro de você de arrependimento e um ato de começar a olhar ao seu redor, pensar quem tem te abençoado e que você agora pode reconhecer ou ainda quem você precisa começar a abençoar. A ingratidão, sempre vai existir, mas não é por isso, que não vamos deixar sermos usados por Deus para essa boa obra.

Labão, precisou de um meio para descobrir isso. Eu e você, podemos descobrir olhando ao nosso redor, parando de olhar para nossos umbigos. Olhando para agradecer e para começar a abençoar alguém. Mesmo que Labão tivesse descobrido as bençãos, ainda que por um meio, ele continuou a viver como se nada tivesse acontecido, e podemos ver isso através do relato de Jacó. Ele sofreu o prejuízo para ficar com o testemunho. Recebeu ingratidão, mas nem por isso foi ingrato.

Encerro com uma frase de Martinho Lutero: "Existe três cachorros perigosos: a ingratidão, a soberba e a inveja. Quando mordem deixam uma ferida profunda."

Oração: Que Deus nos derrame de sua graça para que não sejamos ingratos e para que não nos abalemos com as ingratidões auferidas.

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