"Ao cair da tarde, o dono da vinha disse a seu administrador: "Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando com os últimos contratados e terminando nos primeiros"...[]...Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. Mas cada um deles também recebeu um denário." (Mateus 20.8,10)
Cada nova leitura, que é antecedida e sucedida de orações, tenho colocado meu coração voltado a continuar escrevendo esses esboços - que tem me dado grande satisfação - e a ansiedade é inevitável a cada caminhar, na preocupação em ler e entender os textos e buscando nas entrelinhas algo relevante para compartilhar, parece que nunca teremos mais nada para escrever, parece que já sabemos e escrevemos tudo, glória a Deus que são só aparências.
Como registro faço um relato das minhas leituras. Só me senti encorajado a escrever, após ser um leitor assíduo da bíblia - menos que eu gostaria, é claro - mas já iniciando a terceira leitura de capa a capa e mais três vezes a leitura do novo testamento, portanto os textos são de meu conhecimento, pois pelas minhas contas já os li 6 vezes. E nesse texto específico, que sempre me intrigou foi os versos acima. Por que pagar os que trabalharam menos por último? Os últimos contratados poderiam continuar trabalhando, enquanto os primeiros receberiam e assim sucessivamente. Por que pagar a mesma quantia? O combinado era um denário, então os últimos, teriam que ser dividido pelas horas trabalhadas.
Antes de mais nada, quero situa-los. Esse texto é chamado como a Parábola dos Trabalhadores na Vinha, no qual Jesus compara-a com o Reino dos céus. Ele conta que um proprietário saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores e acertou pagar um denário (valor do salário diário de um soldado romano), depois saiu as nove, doze, quinze e as dezessete horas. Ao final da tarde - as dezoito horas - acertou o pagamento, chamando os últimos contratados para receber primeiro. Entendo que o contexto geral, trata-se da graça a Deus a respeito da salvação, como nos diz o Russell Shedd em sua bíblia de estudo:
"A salvação, em si, é algo tão precioso, que não existe salvação de primeira classe, distinta de alguma outra classe inferior de salvação. Ninguém tem o direito de reclamar contra Deus. Ele é soberano em todas as suas decisões. Tudo depende de Deus, e não de força ou obra humana." (grifo nosso).
A parábola é bastante clara a esse respeito, mas pegando o gancho do Dr. Shedd, no qual ninguém tem o direito de reclamar contra Deus, vejo na parábola a reclamação dos homens que embora receberam o valor combinado, reclamaram e acharam que por direito deveriam receber mais que os trabalhadores que trabalharam apenas uma hora. Jesus encerra a parábola, informando que o proprietário falou ser justo, pagando o combinado e que ele poderia pagar a mesma quantia para quem quisesse.
O
insite que tive nessa leitura, trata-se dessa ordem, sendo os primeiros a trabalharem e os últimos receberem e por consequência as sua disposição de reclamarem e colocarem seus pontos de vista, os desejos dos seus corações. No verso 10 vemos que eles tem essa intenção. Eles esperavam receber mais, eles viram quanto todos receberam e acharam injusto receber igualmente. Os últimos contratados, poderiam receber menos e ainda assim ficarem satisfeitos, mas recebendo a mesma quantia, criou no coração deles um senso de injustiça. Se fossem os primeiros a receber, receberiam e ficaram na esperança de que os próximos recebessem menos, não poderiam reclamar, pois foi o acertado.
Colocando em termos prático, eu penso de que essa situação colocou a tona a corrupção dos corações desses homens. Eles acham que deveriam receber mais, eles deveriam ter o melhor. E será que nós ao seguirmos Jesus, não temos esse pensamento também? Ainda oramos por sermos abençoado, por exemplo, em uma casa própria (nada mais lícito que colocarmos nossa petições diante a Deus), mas quando vemos um irmãos cristão com menos tempo de fé, contando seu testemunho, no qual Deus havia o tirado da miséria, dado uma mansão, carro do ano, estabilidade financeira, entre outras cosias, penso que nós também somos levado ao pensamento dos primeiros trabalhadores. O texto fala de vida eterna, mas nas nossas leituras, não conseguimos separa da nossa vida terrena - afinal o Reino de Jesus já foi inaugurado - acho que é por isso que eu também tenho dificuldade de interpretar essa parábola, pois também já me senti e continuo - quanto estou na carne - injustiçado.
Encerro encorajando os irmãos, com a garantia que em Jesus Cristo teremos a vida eterna, seremos transformados e textos e situações como essas serão descortinadas aos nossos olhos, mas enquanto esse dia não chega, que possamos aprender com as palavras de Jesus. Que ao conhecermos ele e recebermos uma promessa - vida eterna - não venhamos a fazer cobranças extras, a respeito da nossa própria justiça, não temos moeda de troca com Deus. Assim como vejo os trabalhadores reclamando pelos salário recebido, não sabemos como foi o dia deles. Se tiveram pausas, se puderam comer o que foi colhido, se beberam um bom vinho, se almoçaram, se tomaram café, mas sabemos que eles estiveram trabalhando para o proprietário, estiveram na companhia dele e considerando que o proprietário da vinha na parábola é o próprio Jesus, concluímos que eles ganharam mais, muito mais, pois estiveram trabalhando para e possivelmente com ele. Pensando assim, os que menos estiveram com eles, menos desfrutaram dos benefícios. Enfim, o salário eles ganharam igualmente, mas o dia com certeza foi diferente. Assim é a riqueza da vida daqueles que caminham junto com o Senhor Jesus e não olham somente para o pagamento e sim para todo o caminhar.
Se você está caminhando a muito tempo com Jesus e sente-se desanimado, tenha ânimo, pois caminhas com o Mestre e Senhor Jesus. Se ainda não caminhas, não perca tempo. Jesus tem um salário, contrário ao salário pago pelo pecado que é a morte, ele tem a vida eterna e todo um novo caminhar.
Graça e Paz de Jesus Cristo
Maurício Reis